domingo, 18 de outubro de 2009

O Homem

Ele sentou no bar, tomou mais três copos e caiu em um olhar indefinido, petrificado.
Nada daquilo o fazia feliz, nem a cidade, nem o trabalho e muito menos a chuva que parecia cair só para castigar mais a sua alma. Todo blues do mundo tocava naquele momento. Ele pediu a conta e foi para casa.
No caminho, olhou para as luzes refletidas no mar quase que parado, pensou no que mais o compensaria além dos copos quase que diários.
Cambaleando, pensava voltar para o seu lar, mas a verdade é que do seu lar ele estava longe, e aquilo era só passagem, passagem que mais parecia ponto final.
Do que era um homem de paz, de paciência e bom humor, tornou-se amargo, impaciente, incapaz de se ver completamente satisfeito. Do que era um homem da arte, tornou-se um homem da cidade, do frio asfalto, do caos.
Nada mais triste, nada mais desolador.
Por que, então? Nunca fez sentido, nem faria, mas parecia mais preso a tudo aquilo que uma mosca em teia. Era sufocante.
De amores não tinha mais, dos amigos sentia falta, mesmo que alguns pudessem estar, literalmente, ao seu lado, pareciam tão distantes.
Chegou em casa mau encontrando as chaves. Deitou-se e ficou contemplando a vista na janela antes que caísse no sono da ressaca dos seus desejos deixados, perdidos.
O céu nublado não permitia a visão de nenhuma estrela. Tão cruel negar até o brilho das estrelas.
Abriu o computador para procurar aquilo que não sabia mais o que era e, não encontrou.
Deitou-se. Amanha seria mais um dia, mais uma última esperança para o destino que já parecia definido e não respeitava vontades ou sonhos.
Ah, acordar para que?

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