terça-feira, 15 de setembro de 2020

de 2013

Acho que não acredito em grandes amores. Eu acredito em grandes paixões, daquelas que te fazem sentir calafrios ao acender cigarros de madrugada, sentido o vento na janela. Acredito naquelas impossíveis, idealizadas, que se vivem sozinho.
Não consigo entender a graça dos grandes amores. Grandes amores são para pessoas que não sonham.
Paixões são fantasias, não precisam ser vividas, podem ser completamente inventadas, não existe compromisso, lei.
Eu minto demais para ser uma mulher de grandes amores. Eu simplesmente não consigo me conter com algo que vive só a sua realidade, a realidade é de uma monotonia cruel, eu me recuso a viver sem ao menos inventar um final melhor todos os dias.
As músicas que se tornam minhas, a ansiedade que me acorda nas madrugadas, o sofrimento e a euforia,a tensão e dúvida do destino: isso é vida pra mim.
Vivo minhas paixões até a última gota e faço isso porque sei que terminam, sei que são breves. Me encanto pela conquista, esse é o meu gozo. Me encanto pelas loucuras ao mesmo tempo que sei que, quando elas se vão, eu me vou também.
Ninguém, por exemplo, ama à primeira vista, à primeira troca de palavra. Já na paixão isso é diferente, a tal ponto que somente a idéia basta.
Já vivi romances inteiros sozinha e foram os melhores que tive.



8/80

Não sou uma pessoa de meio termos.
Deve ser algo da minha criação. Minha mãe sempre tão 80, meu pai sempre tão 8.
Quando sou 80, sou tudo. Dou tudo. Sinto tudo. Me desespero, rio alto, amo muito, como demais, confundo e tenho clareza.
Em 8 sou menos eu, mas tão eu também. Finjo que não aconteço, olho perdido, tenho calma, mas uma calma um tanto quanto inquieta.
Não sei amar se não for 80, mas já casei várias vezes 8.