terça-feira, 13 de outubro de 2009

Conto de Julieta (PARTE 1)


Eu tinha 22 anos quando eu percebi que era viciada em paixões.
Estava na praia ao anoitecer, sentei na areia fria, olhei para as estrelas, repeti o nome dele três vezes. Meu coração batia forte e se embrulhava junto com o calafrio que eu sentia dos pés à cabeça. Não era a primeira vez que fazia aquilo, muito menos seria a última e, no fundo, eu sabia. Não gostava dele ou deles, gostava mesmo é do calor da paixão.
Tudo ficou mais claro quando, no ápice do meu noivado, me apaixonei pelo Pedro. Ele nunca teve nada haver comigo, mas eu gostava e me forçava a pensar nele só pra ter aquela sensação de explosão de todos os meus sentimentos juntos. Não importava o quanto o meu relacionamento com o meu noivo estivesse bem, à medida que a rotina foi se juntando ao romance, eu joguei tudo pro alto, olhei para o Pedro só para não cair na mesmisse.
E se você pensa que eu tentei esquecê-lo para salvar meu noivado, está enganado. Esquecê-lo seria terrível. Por isso, enquanto não arranjasse outro ELE pra pensar, me esforçava pra continuar me sentindo como uma boba.
Fiquei tão fora de mim que o meu noivado acabou (e não fui nem eu quem terminou) e, quando olhei em volta, não tinha mais ninguém. O Pedro? Talvez nunca tivesse próximo. Chorei por alguns dias, fazia parte do plano, fazia parte da minha paixão fulminante que nem mais existia.
Passei um tempo me embebedando por aí e tentando mudar de personalidade, assim como mudei cinco vezes a cor do meu cabelo.
Dois meses se passaram, conheci o Tatu. Não precisei nem de uma noite com ele para me declarar oficialmente apaixonada. O Tatu também não era nada parecido comigo. Enquanto eu ouvia HardRock e usava camisetas estampadas, ele ouvia MPB e se vestia com um tecido bem parecido com o pano de prato aqui de casa. Conclusão: em menos de uma semana eu me tornei a maior hippie ouvinte de MPB que eu conhecia.
Minha história com o Tatu até que deu certo, exceto pelas rodas de samba que eu não suportava. Mas estava tudo bem desde que eu continuasse alucinada por ele.
Foi quando, no quinto mês de namoro, eu fui morar com ele. A casa dele nem era tão ruim, o problema era que nós dividiamos com mais dois amigos dele, também vindos do Espírito Santo para estudar aqui. O primeiro mês foi tranquilo, todos nós nos dávamos bem, a casa era uma bagunça, mas nada era desconfortável.
Até o dia que o Tatu foi viajar para ver a família e só ficaram eu e um dos amigos dele no apartamento. Na primeira noite, bebemos algumas latas de cerveja, jogamos cartas e, para o meu eterno azar, o papo estava ótimo.
Não deu em outra. Passei o resto da noite olhando para a janela, sentido aquele vento de verão me tocar e, lá estava eu pensando no Luíz, meu colega de apartamento, o único ali.
O dia seguinte não foi nada menos do que o esperado (pra mim). Depois de mais cervejas, mais cartas e mais conversas, dormi com ele. Estava tudo perfeito, o clima, a noite, nós dois.
Tatu chegou logo pela manhã, me trouxe milhares de presentes. Mas, nada daquilo me impressionava mais, tudo o que vinha na minha cabeça me falava "Luíz, Luíz, Luíz".
Umas semanas depois, em uma das vezes em que me via sozinha com meu mais novo brinquedo, me deitei novamente com ele. O Tatu chegou minutos depois do ato ser concretizado e se deparou com aquela cena na sua frente: o melhor amigo e sua namorada juntos. Ele não merecia isso.

CONTINUA........

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