sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Conto de Julieta (PARTE 2)


Naquele momento senti uma naúsea, uma tontera. Era como se a culpa batesse em mim como um tiro quente, e me abateu, me derrubou.
Enquanto o Luíz se ajeitava para tentar dar uma explicação para o amigo, eu fiquei estática.
 Os olhos do Tatu se encheiam de raiva e lágrimas. Foi a última vez que eu o vi.
No dia seguinte ele tinha deixado um bilhete dizendo que eu poderia ficar, que ele daria um jeito de ir para outro lugar e respeitar a minha escolha.
Aquilo acabou comigo, ainda mais. Cada palavra mostrava o quanto ele gostava de mim, o quanto eu fui injusta, mais do que eu pensava e o quanto eu não poderia mais ficar ali.
Arrumei minhas coisas e fui embora.
Enquanto ao Luíz? Eu sumi e nunca mais soube dele.
Fiquei na casa de uma amiga por um tempo até que o apartamento que eu morava, herdado do meu avô, tivesse vazio, sem os inquilinos.
Voltei para o apartamento e parecia que tudo tinha voltado ao marco zero. As paredes vazias, somente o sofá, a cama, os eletrodomésticos. Tudo exatamente como eu tinha entrado há 3 anos atrás. Calmo e, o pior, sem ninguém.
Sentei no chão, bem embaixo da janela, coloquei a cabeça entre as pernas e comecei a pensar o porque parecia tudo estar errado. Devo ter ficado ali por algumas horas até olhar o embrulho deixado pela antiga inquilina com as correspondencias que chegavam e eu não ia buscar.
Abri e, entre os anúncios e catálogos, estava a carta do Yan, meu ex-noivo. Ele falava que não conseguia falar comigo pelo telefone, que estava fazendo um curso na Alemanha, que gostaria de saber como eu estava. Ele deixava no fim da carta o novo telefone dele e um "sinto sua falta.".
Pensei em ligar para ele mas, pela primeira vez na minha vida, tomei uma decisão madura. Não ligaria. Se eu ligasse eu acabaria dando o um jeito de despertar de novo o que eu senti por ele só para me destrair, só apra fugir de mim mesma.
Guardei a carta numa gaveta junto com as outras. Aquilo tinha que parar, não poderia mais associar as minhas paixões loucas à única forma de ser feliz. Era hora de mudança!

CONTINUA...

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