sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A essência

Tinha um brilho misterioso no olhar, o cabelo bagunçado e palavras, muitas palavras a serem ditas.
Nunca entendeu porque já foi ou era amada naquele momento. Sempre via-se como um lixo, algo deixado, sem encanto, sem perfume. Talvez fosse por isso que tivesse tanto medo ao ouvir o som daquelas três palavras doces e, ao mesmo tempo, afiadas para ela. Ela nunca acreditava, tinha medo da ilusão, da verdade que criava, da verdade que dizia-se mentira.
Dessa insegurança inesplicável caiam as lágrimas, a sua solidão muito bem acompanhada, os pesadelos repetitivos em todas as noites. Sempre os mesmos monstros, para a mesma garota sem sorriso.
O por que disso tudo? Talvez nunca descobrirá. Talvez guarde até a morte. Talvez agarre e abafe como as palavras que vem até à ponta da língua e retornam em medo, as engole.
Tudo que a resta é o barulho das teclas, as tintas e o vento, tão silencioso e desacreditado quando ela.
Tinha um brilho misterioso no olhar, o cabelo bagunçado e palavras, muitas palavras a serem ditas.

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