terça-feira, 5 de julho de 2011

Vinho derramado

Então as crianças das pracinhas não me passam mais desapercebidas. Os casais apaixonados, aos meus olhos, são sempre menos que nós. Os vestidos brancos podem ser azuis desde que usados com você.
É estranha, sim, a certeza. Mais que a certeza, o amor.
Passei por tanto estranhos, rolei em tantas camas, valorizei tanto a mediocridade. E no final foi você, logo você, que mudou o sorriso sinistro que ocupava os buracos do meu coração, e o fez real, os preencheu.
O jeito como se espalha quando dorme, seu ronco de cansaço, o modo como sua boca não consegue fechar quando está preso em um carro. Tudo que irritaria a qualquer um (ou uma), no fim eu acho graça e penso: quero para toda a minha vida.
Nossas viagens pelo mundo, nossos filhos lindos de morrer, nossa velhice cheia de histórias para contar. Imagino muito o futuro, mas vivo o presente (tão agradável ao seu lado).
Meus dezoito-quase-dezenove anos somem. Pontes, perimetrais, avenidas, todas viram pó. Não há nada que seja demais, ou que separe, ou que nos faça deixar de ser nós.
[E, sim, eu caso.]

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