quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Remói em mim
O sentimento mais triste
Se ao vê-la partir,
Assim, aos pouquinhos
Já dói um bucado
Imagina quando partires
Sem me deixar ensinado
Ao menos metade do que viveu
Se para ti a vida é passageira
Para mim nunca se tornará passagem
Nem os sorrisos, nem as tristezas
Que vivi, mesmo que tão pouco,
Ao seu lado
Por isso deixo aqui
Em perdidas palavras
O amor que tenho por você, vó
A minha admiração
E o seu imortal legado.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Desistência

Esqueça o que eu te falei
O esforço que fiz
A vontade de tê-lo aqui
A saudade

Esqueça o que foi
Se pra você não foi
Esqueça, simplesmente esqueça
A nossa amizade

Esqueça
Pois queria ter dito
Que de tudo,
Algo adiantou

Esqueça
Esqueça
Esqueça
Esqueça
Esqueça
de mim.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A volta de Julieta (Parte 2)

Enquanto ele ia para a cozinha pegar todos os elementos possíveis para uma boa ressaca no dia seguinte, reparei numa estante cheia de cd's antigos.
"Los Hermanos, Lô Borges, Raimundos..."
"Escolhe algum e coloca no som de cima, só tem que fechar a tampa bem forte!"- berrava da cozinha.
"Nossa, Nenhum de Nós... esse aqui era meu!"
"Se você quer saber, não foi a única coisa que você deixou aqui."
"Pode parar de gracinhas, nem foi tanta coisa assim... Tem que fechar a tampa forte, então?"
Lembro exatamente a razão da compra daquele disco. Foi  numa das nossas primeiras conversas, quando a gente ainda saía sem compromisso algum. Eu não gostava de Nenhum de Nós, mas queria tanto entender o que passava pela mente daquele rapaz tão interessante que comecei a ouvir e acabei comprando para me fazer de entendida. O pior? Gostei tanto que sei todas as letras até hoje.
Acústico Ao Vivo, volume dois, faixa três. Tão adepto ao momento! Nenhum de Nós, sempre tão adepto à nossa tumultuada história...
"Por que você não disse que viria, logo agora que eu tinha me curado das feridas que você abriu quando se foi..."- cantarolou da cozinha
"Pensei que eu era a única que lembrava das letras!"
"Não é só porque tava no fundo da prateleira que eu deixei de ouvir. Além do mais, você sempre gostou dessa música."
"Eu era muito diferente, né?"
"Se tivesse mudado tanto assim não botaria na mesma faixa."
"Eu era muito imatura..."
"Nunca achei."
"Você talvez seja uma das pessoas que tenha mais o direito de me chamar do que quiser..."
"Ju, o que aconteceu foi fato isolado, sempre tive certeza disso, por isso que nunca te culpei de nada, nem nunca perdi a admiração por você. É claro que demorou um tempo para eu me ajustar, mas eu entendo tudo que você fez, mesmo."
"Você fala como se não fosse nada! Eu pensei que você nunca fosse me perdoar, até porque eu não merecia ser perdoada."
"Isso já foi há tanto tempo. Além do mais, não te telefonei para tirar satisfações sobre o que aconteceu entre você e o Luíz, eu queria só relembrar os velhos tempos, conversar, beber... Não precisamos falar mais disso, Julieta."
"Está certo."
Não podia esconder mais a minha curiosidade. Esse negócio todo de relembrar os velhos tempos era muito vago. Ninguém corre tanto atrás de uma "saidinha" assim, boba. Mais uma vez todos os atos dele me confundiam. Rompi o silêncio...
"Por quê você me ligou?"
"Já falei! Queria te ver..."
"Não é isso, não pode ser!"
"Por quê não pode ser?"
"Você sempre foi assim, sempre deixou alguma coisa ou outra nas entrelinhas, nunca falava nada por inteiro. Ainda pouco você me falou várias coisas que me fizeram entender  que o que você queria não era só me ver, conversar, fingir que somos bons amigos e só. Essa separação já deixou minha cabeça na lua, não é justo você criar mais confusão!"
"Eu não quero isso, juro. Eu também estou muito confuso."
"Confuso com o que? Isso que eu quero saber!"
'Eu vivo lembrando de você, não sei, não tenho explicação. Então eu resolvi te procurar por todos os meios possíveis pra ver se tudo aquilo que eu senti era só pela sua memória ou por quem você é hoje..."
"E o que você viu?"
"Já disse, você não mudou tanto assim..."
Então era isso que eu queria ouvir, mas agora eu não sabia o que responder. Todo aquele discurso parecia sempre tão ensaiado na minha cabeça,então o momento me deixou sem palavras. Eu não queria correr mais um risco, machucá-lo denovo. Eu me conhecia o suficiente para saber que aquilo nunca iria dar certo, não é?
"Acho que a gente poderia tentar denovo..."
"Quer mesmo, Ju?"
"Você não?"
"É claro! Mas você não quer nem pensar mais?"
Minha inpulsividade não permitiria que eu pensasse mais um minuto. Era como se aquela nova paixão pudesse curar toda a minha vida, pudesse dar razão a ela. Mais uma vez eu sabia o que ocorria comigo, sabia onde eu estava me metendo, e não fiz nada para impedir. Absolutamente nada.

CONTINUA.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A volta de Julieta (Parte 1)

Essa história seria uma "quarta parte" do Conto de Julieta . Nunca fiquei totalmente satisfeita com o final que dei para essa personagem, por isso decidi dar uma nova chance à imaginação e torná-la mais coerente. Aí vai! Espero que gostem...

Recebi o telefonema e não sabia se ficava mais surpresa pelo fato dele lembrar de mim ou de ter conseguido o meu telefone depois de mudá-lo umas 12 vezes. Talvez eu me precipitei em aceitar o convite dele para sair, mas o que está feito, está feito. Depois de uma separação tão traumática eu precisava relaxar, mesmo que isso me trouxesse à tona todo um passado.
Cheguei mais cedo que ele, como sempre. Tudo continuava igual naquele bar, o mesmo ladrilho branco, a mesma mesa manca, o mesmo banheiro mau-cheiroso... Fazia tempo que eu não me sentia tão confortável, foi como voltar à minha juventude que, depois do casamento fracassado, me parecia muito distante.
Por um joguete do destino, ele também não tinha mudado nada. A barba continuava por fazer, a camisa ainda desbotada de alvejante (coisa que ele nunca aprendeu a usar), e juro, até mesmo a calça era igualmente larga e gasta. Enquanto ele andava em minha direção um filme todo passara na minha cabeça.
Sorriu ao me ver e sentou-se bem ao meu lado, isso mesmo, ao meu lado em uma mesa para dois. Me assustei e logo ele se justificou: "Ainda tem um buraco no meu lugar.". Não faria mal então, certo?
Ao contrário do que as roupas diziam, ele contava que estava empregado há cinco anos, ganhando muito bem e que agora morava sozinho, num apartamento que ele alugava enquanto juntava dinheiro para comprar o seu.
"E você, que fim levou?"
"Voltei há alguns meses para o apartamento do meu avô."
"Sempre gostei de lá."
"Eu não", ri para disfarçar minha vergonha e, embaraçado,ele mudou o assunto para um pior ainda.
"Você casou, né? Um tal de Thiago, eu soube. Como está tudo?"
"Não está. Me separei, ele foi para Portugal."
Claro que não cabia falar que ele havia me traído com a gerente do restaurante dele, minha melhor amiga por acaso, e que não cogitou ao receber o convite para Portugal com ela, abrir uma filial do restaurante que eu ajudei a construir. Fazer o quê? Devia ser vingança da vida.
A conversa mudou ainda mais rápido que a anterior e fluíu até o bar esvaziar e nos sentirmos envergonhados o suficiente para pedir a conta e procurar outro lugar. Surpresa ou não, esse outro lugar seria a casa dele.
Aceitei por aquilo não estar fazendo sentido algum desde de a hora que ele me telefonou e nenhuma atitude que eu tomasse naquele momento mudaria o teor da noite.
Cheguei e sentei no sofá vermelho, o mesmo que eu havia tingido por achar que o azul-celeste doia meus olhos, e abrimos mais umas seis latas de cerveja.
"Você está mais resistênte.", riu.
"Deve ser por que eu nunca bebi com tanta frequência."
"Buscando afogar as mágoas na bebida, Ju?"
"Pelo visto você também, né?"
"É que faz tempo que não acho alguma coisa melhor que cerveja."
"E alguém melhor, você achou?"
"Desde você? Ninguém que valesse a pena..."
O silêncio invadiu a sala. Não podia deixar assim, o silêncio sempre foi perigoso para mim.
"Como te chamam agora?"
"Só de Felipe mesmo,e no trabalho é sr. Campos."
"Sr. Campos, é? Bate até estranho no ouvido!", briquei.
"Também não é assim, sra. Lins."
"Isso, só Lins mesmo..."
"Mais uma? Ainda têm várias na geladeira."
O silêncio se desfez, para a minha sorte, mas os olhares continuavam perigosos...

CONTINUA.

domingo, 8 de agosto de 2010

Ano de burocracia, não há tempo para esse papel.