quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Máscara de Ferro


Meu amado sempre foi um bom companheiro. Me trazia flores, me buscava todo dia no trabalho, dizia que me amava todo minuto e tinha um ciúme bobo e infundado de toda e qualquer pessoa que se aproximasse de mim. Quando ficamos noivos, e isso foi pouco antes do término , mesmo sabendo que eu não o amava mais, eu tentei e tentei... Afinal, onde  poderia arranjar algúem assim? Ele podia não ser muito bonito, feio até, e, muitas vezes, mostrava não ter um terço da cultura e da dinâmica de mundo que eu tinha. Mas eu tentei, porque algo ali tinha valor e me dizia que ainda valia a pena lutar um pouquinho.
Durante algumas semanas me esforcei ao máximo até o dia que consegui olhar para ele e sentir denovo aquela vontade de que o tempo passasse bem devagar, só para que nós dois pudessemos ficar juntinhos. Me lembro até de um domingo que, sem ninguém em casa para atrapalhar, nos amamos sem precauções. Não foi o sexo em si, mas o jeito em que, pela última vez, nos olhamos, nos abraçamos e nos procuramos um no outro. Foi uma noite bela! Ah, se foi! Depois daquele dia não direi que não percebi nada de diferente, mas nunca teria idéia do que estava por vir. Ele estava distante, mas não tão distante que um beijo não pudesse trazê-lo devolta ao meu planeta.
Uma semana depois ele bateu na minha porta e disse que estava tudo acabado. Me foi tirado o chão naquele momento e por exatos 6 dias. Joguei a aliança nele, saí correndo para dentro e fiquei me questionando o porque daquilo tudo. Prometemos que seríamos amigos, melhores amigos. Por um tempo, depois do fim, achei que poderia até dar certo, já não sentia falta dele (afinal, se foi um esforço voltar a gostar dele, seria simples esquecê-lo) e as conversas fluíam normalmente e sem ressentimentos.
Mas eis que chega a máscara de ferro. Aquela cela fria e desonrosa na qual ele se esconde quando está muito pior do que pensa. Nesse esquema louco, ele vira outra pessoa: finge que está por cima da situação, ser o Don Juan, o forte. Mas a verdade é que é imaturo e tão fraco que dói.
Até a voz dele, o jeito de falar, tudo é diferente. Tudo uma auto-defesa, tudo um jeito de tentar se iludir com um mundinho que ele cria. Já tentei conversar com ele sobre isso, mas ele me responde como se aquilo tudo fizesse sentido . E realmente faz, por enquanto. Acho mesmo que no fundo ele sabe o que está fazendo, e o faz porque acredita que, quando precisar, pode tirar a máscara. Não é bem assim, dessa vez ele não vai poder correr de volta para mim.
Um dia, quando ele finalmente crescer, talvez veja o quanto isso o derruba cada vez mais. Mas enquanto ele continua fazendo joguinhos com ele mesmo, cresci, relevei, me apaixonei e achei uma pessoa que corresponde bem mais às minhas espectativas.
De tudo isso, o que mais dói não é o amor desesperado que não tenho. É, simplesmente, ver que aquele que eu pensava conhecer, por alguma bobagem qualquer transformar-se outra pessa, deixar se corromper pelo mundo, tornando-se mais um. Era uma vez um grande homem, mas é muito difícil ser assim, tornou-se um menino então. Pena.

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