quinta-feira, 24 de setembro de 2009


agora estavam os dois, deitados na areia, olhando para uma imensidão de estrelas ofuscadas pelas luzes de uma cidade grande. Podiam sentir o cheio da maresia, uma ligação entre suas almas naquele momento. Ela suspirou, colocou na face um sorriso sincero que parecia petrificado, incapaz de ser desfeito. Ele, talvez temendo o que ali se iniciaria, lentamente se aproximou dela. Aos poucos, envolvidas pela ventania misteriosa, as mãos iam se aproximando. Era como se o mundo tivesse parado naquele instante para assisti-los, até mesmo as buzinas que se ouviam da pista de carros pareciam mudas. Era o universo a platéia.
     As mãos se encostaram e os dois pensavam somente no próximo passo, no beijo ou no silêncio. Nenhuma palavra foi dita por minutos, até que se cruzaram os olhares. Ele sorriu, ela sorriu, os corações despararam. Ele aproximou o rosto no dela até que, num beijo terno, concluiram sua louca ligação, um beijo amoroso, de um amor omitido por muito tempo, um beijo de desabafo.
     O envolvimento era inevitável, como se de outras vidas viesse esse amor que demorou tanto pra se concretizar. Ele pousou o corpo sobre o dela. Surgiu desejo? Sim. Mas naquele momento o que os movia era somente a vontade de dar sentido as inúmeras conversas, as inúmeras vezes em que tudo ficava, simplesmente, no ar, incerto. As repirações se encaixavam, os calafrios, as sensações...
E ela acordou. O desperador foi desligado, cartela esvaziada. Ela queria voltar a sonhar.

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