quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Ordinária

Sou o degrau de quem se destaca. Me usa porque precisa, mas pisa.
A menina dos problemas familiares, do passado dominado por monstros (que nunca dormem), da tristeza incurável. Onde foi que eu me perdi de mim?
Essa dor que me domina, faz com que eu sinta cada pedaço destruido pelo fio da faca, cada gota de sangue que bate no chão. Estou morta por dentro e essa, mesmo que reversível, é a pior morte.
Não tenho ninguém realmente. Meus colegas se foram, eu só sirvo para os sorrisos. Meus amantes saem em amargura, se encantam por outras alegrias que, com certeza, não são as minhas.
E todos me fazem de cega, mesmo que eu repita insistentemente que vejo tudo...
Minha vida ordinária, meu rosto deformado, meu cabelo seco, meu corpo castigado pela minha ansiedade. Não tenho como melhorar, nunca serei ninguém e também não sei se quero ser.
Talvez partir seja melhor, respeitar todos os acontecimentos como sinais de que preciso me despedir.

Não tenho mais raiva do mundo, a tristeza de me olhar no espelho é bem maior.

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