domingo, 31 de outubro de 2010

O que ficou

A nossa canção morreu em grito mudo. Não era de amor, dor, mas era circunstância.
Você foi e, dentro de suas malas bagunçadas, me levou e prendeu, prendeu com tudo que ia para Boston. Desde de então não sou porque não vivo aqui, nesse lugar que sem você parece sem sentido.
As portas que não batem mais, a tampa do vaso sempre abaixada, a água sempre na geladeira. Até os vizinhos, cruéis sem saber, perguntam ao porteiro se nos mudamos, pois não ouvem mais os mesmos gritos. Mas foi você, não é? Você que se foi.
Olho pela janela, tudo fora parece igual. E, de fato, da porta pra lá é bem mais facíl.
Mas na estante a madeira é nova onde você colocava os livros, e deixou apenas um: "Senhora". Parece proposital.

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