quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Tudo que ela te diria (PARTE II)

 (clique aqui para ler a primeira parte)

- Eu não sei o que te dizer...
- Não é verdade. Você sabe, só não quer dizer porque não sabe como.
- Talvez seja isso, mas agora, sinceramente, eu não sei o que te dizer...
Ela olhou fixamente nos olhos dele e segurou suas mãos.
- Sabe, eu te devo muito mais do que você me deve. Você, na verdade, não me deve nada---
- Devo, sim.
- Não, não faz isso! Me deixa continuar o que eu tenho pra dizer, por favor.
- Tudo bem...
- E por você não me dever nada, talvez não seja justo fazer todas as exigências que eu fiz até agora. Sabe, você mudou a minha vida! Acho que isso que te deixou tão forte dentro de mim. Todos os meus gostos, os meus jeitos, as minhas idéias... Eu tava muito mais perdida do que você imagina. Talvez se você não tivesse passado pela minha vida, mesmo que causando esse tumulto todo, eu não seria um terço do que eu sou hoje. Eu agradeço, de verdade! Eu, pela primeira vez, gosto de quem eu sou e não preciso mudar nada para agradar ou chocar ninguém. Então, só por isso, não por quem eu fui pra você, mas por quem você foi pra mim, eu quero te pedir, por favor, seja claro comigo. Mesmo que a verdade possa ser muito mais dura do que eu imagino que seja, mesmo que isso tudo possa ser um caminho sem volta...
- É um caminho sem volta, moça...
- Então me fala, eu não tenho mais medo de perder o que eu nunca consegui. Eu queria, mas agora não prezo por mais nada além de mim nessa história. Quero acabar com isso, com qualquer tipo de dúvida... Eu cansei, eu não aguento mais!
- Sabe, mesmo você me falando tudo isso, eu continuo prezando o que a gente teve, continuo achando que você foi, sim, uma pessoa que me ajudou muito. E eu respeito essa sua vontade, eu não entendo, mas vou tentar entender porque gosto muito de você...
- Então é minha vez de pedir pra você falar nos meus olhos.
- Claro.
Ele sorriu levemente, apertou ainda mais as mãos suadas dela, suspirou...
- Vamos lá... No começo, bem quando eu notei que algo a mais poderia estar acontecendo, eu não sabia mesmo o que fazer. Eu gostava muito de conversar com você, a gente passava noites fazendo isso e eu não queria que acabasse. Eu acho que preciva ter certeza do que estava acontecendo antes de colocar tudo a perder. Eu vou repetir: você era muito importante! Minha vida também estava muito louca na época, você sabe, e eu não queria perder essa amizade. Então eu não falava nada, muito menos dava passos.
- Entendi, então---
- Espera, agora eu que quero terminar. Para de ser tão ansiosa! E para também de achar que sabe o que eu penso!
- Tudo bem.
- Eu não sabia o que queria. Eu estava cheio de problemas, dúvidas... Foi quando a decisão de me afastar de você pareceu ainda mais lógica. Eu errei, devia ter conversado com você, não devia ter feito isso da forma que eu fiz.
- Não devia, não devia mesmo...
- Não pensa que eu não me sinto culpado por isso. Acho que você tá desde o começo da conversa agindo como se você fosse a única que tivesse sentimentos... Você quer tanto conversar comigo, mas não me deixa falar nada!
- É que eu não me não tinha imaginado assim...
- Como?
- Eu não tinha imaginado as suas respostas, só as minhas falas. - riu para disfarçar a sua angústia
- Posso continuar, boba?
- Deve...
- Depois desse tempo todo, depois da conversa que a gente teve, eu pensei que tudo tinha acabado. Por isso que eu escapei disso tudo, eu fiquei assustado, eu não tinha certeza de nada...
- Por favor, diz logo...
- Moça...
Ele segurou o rosto dela.
- Fala.
- Isso tudo foi só uma ilusão.

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