segunda-feira, 27 de junho de 2011

À minha beira


Fui condenada a provar do meu próprio veneno

Olho para baixo, vejo pedras em agulhas
Olho para trás, a tempestade negra
Olho para cima, não tenho asas

Talvez o choro desses violino sofrido
Me doa mais porque choro mais alto
Até dor alheia me corrompe
Não quero você, solo maldito

Me faltam forças até mesmo para me jogar
E não sei se é mais fácil
Deixar a enxurrada me levar
Ficar parada diante do caos
Esperando fazer parte dele

Recuso as mãos que me estendem
Trilho o caminho da minha amargura
Sinto o cheiro da chuva
Sento e aplaudo a minha queda

No fim estamos sós, para sempre sós.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Tapa na cara

"Ah, mas isso é o que todos eles dizem!"
Sabe, eu não ligo para o que muitas pessoas falam, porém existe um seleto grupo de amigo que eu realmente ouço e tomo a maioria do que dizem como verdade.
É, sim, fingir uma pessoa que eu não sou. Quando eu estou num relacionamento me entrego, caio de cabeça, não meço meus limites. Por não medir limites, por amar livremente, às vezes me perco num labirinto de idéias de um alguém que nem eu mesma reconheço.
É real. Como eu vou explicar aos nossos filhos, aqueles que você tanto insiste que tenhamos, que papai não veio pra casa hoje porque está dormindo com outra. Não, o pior é para eles, que podem tomar isso como verdade e machucar esposas e maridos, que talvez não tenham tanta cabeça (?), paciência ou ilusão para entender tal fato.
Quando você diz que é um absurdo eu duvidar do seu amor, que eu deveria prestar a atenção nos atos. Coitado! Só piora a situação...
Várias vezes, nessa noite mesmo, eu me peguei pensando na possibilidade de ser o inverso. Será que você não teria náuseas e calafrios ao me ver nos braços de outro?
Se sua resposta for "não", reveja seus conceitos e arrume suas malas.
Eu posso não ser tão "rock 'n roll" como quando começamos. E a questão é: o que nós somos? Será que os sólos de guitarra são o que somos ou o que queremos que os outros achem que somos?
E não venha me dizer que isso não faz diferença, por que isso, mais do que nunca, tem nos gerado complicações.
Eu continuo não aguentando hipocrisias, achando que as pessoas de hoje em dia não sabem o que é um relacionamento de verdade e não dando a mínima para o que os outros falam. Mas o respeito, meu querido, o respeito sempre cairá em cima de tudo isso.
Não foi só o meu ciúme, foi a humilhação. Meus conhecidos (primeiro meus, depois nossos) me olhando com pena, perguntando o que eu ia fazer. Eu não me passei por liberal, cabeça-boa. Eu me passei por trouxa, submissa, idiota.
Isso eu não admito.
Eu podeira ter feito um escândalo, mas não sou assim. Eu poderia ter te dado um tapa na cara, mas prefiro dá-lo desse jeito. Eu podeira ter dado o troco, mas não tenho dezoito anos. Finalmente, eu poderia não ter feito nada, e o fiz.
Querido, não pretendo mudá-lo, porque quem ama, aceita. Mas antes preciso saber, não quem você é, pois isso pra mim já é óbvio, mas quem você quer ser.

E por hoje chega...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A mais errada ainda (II)

"O que foi dessa vez? Já é tarde..."
"Eu fiz o que você me falou..."
"E eu com isso?"
"Como assim "e eu com isso"? Eu fiz o que você me falou e deu errado!"
"Nunca te falei que daria certo, falei?"
"Você me questionou..."
"Não, VOCÊ se questionou!"
"Tanto faz..."
"Tanto faz uma ova! Você só fez aquilo porque você já estava completamente comprometida..."
"Comprometida em que sentido?"
"No negativo, no positivo... Você sabe."
"Eu poderia ter evitado, poderia não ter afundado, poderia não ter me---"
"Shhhhh... Você já estava!"
"E agora, o que eu faço?"
"Eu não posso fazer nada. Só jogo com verdades, não com soluções."
"Então me fala uma verdade que sirva de solução!'
"Que você tem medo? Que você está louca pra fugir do que sente? Que o silêncio dele te doeu  e te dói tanto que você está a essa hora da madrugada perguntando, logo a mim, o que fazer?"
"Não me deu solução alguma..."
"Não, tola, você que não se deu..."

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Comentário

Você pensa que eu não sei
Do amor mal falado
Das hipóteses que gera
Do teu desejo de se testar
Mesmo que goste de mim
E não da qualquer

Você pensa que eu não sei
Do fogo esfriando
Da sua dúvida sobre mim
Do que você esconde
Falando o oposto
Exagerando no que não quer

Não faz de maldade
Se prendeu em um labirinto
De um você que não via
Não sabe olhar pro lado
Pelos próprios questionamentos
Que te aprisionam

Eu disse
Continuo porque quero
Sabendo de tudo
Te sentindo
Talvez me machucando
Mas não importa.

Não é um anjo, ainda bem

O problema é que eu te deduzo demais.
Eu sei da dúvida nos seus olhos, do dilema que puxa seus cabelos pela raíz. Eu sei, querido, que você fala o que não sente e sente o que não fala.
E eu pensei que tinha máscaras? Creio que as suas te tocam tanto que te impedem até de se auto conhecer.
Você não é o que era, mas insiste em manter as notas de um perfume envelhecido. Não, não é vaidade. É insegurança.
Talvez não veja que o que me atraí é o floral que se espalha quando você passa devagar. Talvez não ache tão especial e o cobre de amadeirados másculos para amenizar, quase ocultar, a essência real.
Amor meu, você que não existe, você quem eu tenho que agradecer, você que é lindo. E não falo do seus olhos misteriosamente amendoados.
Inseguro mas atrevido, não? Tocar em partes que poucos tocaram, e em outras que ninguém ao menos ousou. Me atravessa sem pudores, nada em meus rios sem tocar nas margens. E ainda tem a petulância, A PETULÂNCIA, de invadir o único espaço que me resta, de bater tantas teclas.
Eu queria poder ter a sua certeza, talvez o seu recíproco. O problema é que eu te deduzo demais, então eu sei, não é assim, mas deixa eu fingir...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Mais do teu

Acredito que o amor não se constrói. Afinal, as rosas não se formam de pétala em pétala...
O amor se cuida, faz florecer, dá seus frutos, espalha o seu perfume.
As palavras que saíram, o silêncio que agora dói, a vida nos dando voltas, golpes. As coisas mudam, e dessa vez é pra melhor.
Se trilhamos o caminho inverso, se nos ferimos na roca antes de sermos acordados pelo romance, isso já não importa mais.
Me importo, sim, com o teu lugar, ao meu lado, olhando nos olhos (sim, nos olhos), aprendendo a traduzi-los com minhas apreensivas e pontudas palavras.
Diga(-am) todas as insanidades que quiser(-em), do que saí eu, tola, aprecio de tudo. O riso enigmático, o abraço que aproxima, o carinho inocente ou vulgar, o teu zumbindo de sono merecido.
É, tanto tempo que não andava por essa mata, que já não a conheço mais. Claro, quero redescobri-la com você.

Porque te amo, e prefiro lírios.
http://www.youtube.com/watch?v=pAI9qn1xeAw