terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Tudo que ela te diria

em homenagem e a pedido de uma amiga.

Já não sabia mais se usava vestido, se enchia os situãs para parecer mais madura. Na verdade, ela não sabia se o queria mais ou se só queria falar.
Fechou a boca, vestiu o que tinha, pegou o ônibus.
Ao ver, sem surpresa, o coração disparado, a vergonha vinha desde o leve formigamento da boca, até os pés perdidos nas sandálias.
- Você está diferente. - ele riu.
- Deve ser a vergonha...
- Definitivamente, não é.
Mais uma frase que ela não entendia e um silêncio por alguns segundos.
- Sabe, isso deve ser rápido. Eu não vou enrolar, quero dizer logo, mesmo que eu já tenha feito você entender.
- Eu não entendi muito bem, não, viu?
- Qual parte você não entendeu?
- A parte que se refere ao que você quer comigo.
- Do que eu quero com você? Eu sei que você é um cara inteligente...
- Não sou muito, não...
- Mas sabe o que eu quero. Isso você sabe, é certo.
- Então me diz logo.
Se recompôs, olhou para as pedras portuguesas, pensou nelas como os olhos dele.
- Sabe, essa história toda atrapalha minha vida. Eu quero resolver, quero muito. Eu não consigo mais fazer nada, por isso achei que falar com você, cara a cara, seria a melhor forma de resolver isso.
- Você sabe que eu sou muito tranquilo com essas coisas...
- É, é sim. Deve ser por isso que você fugiu o máximo que podia disso tudo.
- Você sabe que eu sou meio complicado, minha vida tá uma confusão.
- Que não deve ser maior do que a você me causou. Eu queria só saber o por que, não tem explicação. Sabe, a gente nem se fala mais direito...
- Sinceramente, isso que eu não entendo também.
- Eu quero acabar logo com isso. Quero muito pensar em você como esse amigo que você diz ser.
- Fala com as palavras certas o que você sente, por favor.
- As palavras certas? É, eu não tenho o que perder...
- Nos meus olhos, se puder.
Ela ficou sem escapatória. Mesmo com medo da ilusão que aquele olhar a causava, respirou fundo e pensou naquilo como a última e única oportunidade.
- Eu gosto de você! Alias, gosto não, eu sou totalmente apaixonada por você. Eu nunca senti isso por ninguém, é o que me enlouquece! As palavras somem, meu coração dispara. Eu só penso em você, droga!
- E o que você espera de mim... Você me conhece e---
- Não espero nada! - interrompeu- Não quero nada! Eu só quero falar. Eu já perdi essa ilusão. Eu não posso ser tão infantil a esse ponto.
- Você não é infantil, é sério. Você é uma moça legal, inteligente---
- Mas nada que você pudesse querer. Quer dizer, isso tudo é uma grande maluquisse!
- Não é não, te juro. Eu entendo...
- Ah! Por que você sempre entende? Por que você sempre tem que ser tão legal? Por que você some depois? E não é só sumir, você sempre deixa algo no ar, sempre tenho dúvidas em relação a você. Aquilo tudo que passou, às vezes me fazia pensar...
- Pensar no que?
- Pensar que você pudesse sentir um milésimo do que eu sentia. Alias, você sempre soube o que eu sentia!
- Eu não sabia muito o que fazer, fiquei confuso.
- E eu falando um bando de besteiras, pensando que escondia algo de alguém...
- Eu devia ter conversado com você, tem razão.
- Nem sei se devia...
- Sabe, você está diferente. De verdade.
- Você já disse isso mas, como sempre, eu não sei o que você quis dizer. - riu.
- Você está mais espontânea, não sei direito.
- Já falei que não tenho nada a perder? Eu desisti de tentar te encantar.
- Boba.
- Boba nada, sou muito esperta. Sabe o que é mais confuso disso tudo? Mesmo estando totalmente apaixonada por você, eu queria que você fosse feliz, então torcia até pra aquela sua ex. Ela podia ser o que fosse ao meu ver, mas eu sabia que você gostava dela, por isso eu fazia de tudo pra você tentar entender o lado que não era seu. Perder pra ela era totalmente suportável.
- Nossa, ninguém nunca me falou uma coisa dessas...
- Eu sei, mas isso não me impedia de detestar essa situação com todas as minhas forças, tá?
- Você é doidinha, mas de alguma forma eu gostei de ouvir isso...
- Então, já que eu cheguei ao ponto que não tenho mas nada pra poupar, melhor perguntar de vez. Eu não quero que você pense nisso como qualquer tipo de ilusão de reciprocidade da sua parte, só quero saber, sinceramente.
- Diga...
- E você? Alguma vez, alguma hora, será que você sentiu alguma coisas por mim, qualquer coisinha que seja?

(Continua...)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Doce dezembro

Sonhar é muito bonito.
Todo poeta tem um sonho e dele se alimenta, aluscina, entristece, sublima. Não importam as situações, a vida à sua volta, sem um sonho, nada parece seguir um rumo.
Nisso, de tanto escrever sobre mimetizações, de tanto cansar a gramática com inversões sintáticas ou reais, paramos de notar o mundo.Viver de poesia seria um melodrama ideal, principalmente viver das frustradas, remoendo passados só para ter o gosto do sombrio.
Mas hoje descobri, que muito além da ficção, muito mais que as velhas histórias de Marina, Julieta e quem for, nada se sustenta, e nada nunca será perfeito sem o olhar para o lado.
Descobri, de uma vez por todas, agora e para sempre, que meu príncipe encantado pode ser bobo, não apreciar Doce Novembro e falar asneiras em quase todo o tempo mas, pelo menos, ele existe. E eu, sem antes saber talvez, o amo mais do que posso.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Metalinguagem

Para falar do amor que sinto, é preciso muito desejo e sair do silêncio.
O que é lógico só para mim precisa ser para você também. Então, é necessário colocar na descrição muito mais que algo sobre um vazio criativo, que me faz querer alguma coisa mais feliz.
É necessária mudança, mesmo que de idéias soltas, mesmo que só de sua essência. Não se deve fazer do hoje, somente mais um dia, ou disso, somente mais um desabafo. Se assim, na falta, espararei a resposta do que não virá, mesmo em regressão momentânea.
Não dá pra mudar o que ficou, mas ainda tenho como mudar o fim.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Escrever é como gritar para o mundo esperando que ele só tenha uma pessoa.