domingo, 31 de outubro de 2010

O que ficou

A nossa canção morreu em grito mudo. Não era de amor, dor, mas era circunstância.
Você foi e, dentro de suas malas bagunçadas, me levou e prendeu, prendeu com tudo que ia para Boston. Desde de então não sou porque não vivo aqui, nesse lugar que sem você parece sem sentido.
As portas que não batem mais, a tampa do vaso sempre abaixada, a água sempre na geladeira. Até os vizinhos, cruéis sem saber, perguntam ao porteiro se nos mudamos, pois não ouvem mais os mesmos gritos. Mas foi você, não é? Você que se foi.
Olho pela janela, tudo fora parece igual. E, de fato, da porta pra lá é bem mais facíl.
Mas na estante a madeira é nova onde você colocava os livros, e deixou apenas um: "Senhora". Parece proposital.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Rascunho de sexta

O problema é amar-te
Tanto, que ao maior pranto
Te vejo do amante ao amigo
Que mesmo em mundo deseludido
Te peço como única esperança

E se amar-te não me passasse
Seria, de certo
Terra seca, lagoa salgada
Tempo perdido
Ou seria sem ser

Por isso, peço-te
Que mesmo de futuro incerto
Sustente aquilo que nos mantém
Vindo de quedas ou sublimações
Mas que sempre
O seja amando

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Confissão de quarta.

Tenho o direito de falar de saudade, mas não suas e, sim, daquele que sabia quem era.
Se hoje você passa por mim e nem fala, olha, sente, é porque não sou mais conveniente, e tenho certo. Não há motivos para ter minha atenção em calmarias, é diferente do passado.
Não vou fingir que também não sei que você preferiu acreditar em desconhecidos ao olhar nos meus olhos e perguntar o que havia acontecido. Você diz se arrepender, mas no fundo continua se distanciando como se aquilo ainda fosse verdade absoluta. Não importa, não importou o que eu disse. Ou será que também é conveniente?
Hoje você é todo esse projeto do amigo de ontem. Você se diz igual, mas eu, eu tenho uma teoria, e me vê ainda como uma lunática mas esquecesse que sou igual a você.
Então continue fugindo, querido amigo. Derrepente se fez uma irônia e, penso, sou muito maior que você.

sábado, 16 de outubro de 2010

De cima para baixo

Comigo.
Às vezes o grito é a inseguraça.
Às vezes preciso gritar para acreditar no amor.

Poeminha Matutino

Preciso dizer
Que amo
Demonstrar
Que quero
Mas o pesadelo
Me segue
Como se passado fosse
Como se sonho anulasse