quarta-feira, 10 de março de 2010

Poesia invertida

Eu cresço enquanto você muda.
Eu cresço e me torno definivo,
você muda por ser cômodo não se solidificar.

Qual será o limite da sua mutação?
Quem você vê quando se olha no espelho?
Qual é a personagem de hoje?
Que bom ator você é!

Será você ele ou ela?
Será vivo?
Será feliz?
Será depressivo?
Será suicída?

E quando não consegue,
e quando não tem mais nomes parar fugir,
será você você mesmo?
Será que se anula?
Será que se esquece?
De quem você se esquece?
Quem é você?

Quem vai ser hoje, Marina?

sexta-feira, 5 de março de 2010

Na falta

Mandaram eu não parar de escrever pra não deixar a vontade no ar, pra não perdê-la por não tê-la na segunda-feira.
Mandaram eu não parar de escrever pra não engolir o que eu sinto, como engulo as palavras ao ver o mundo girar tão, mas tão depressa.
Mandaram eu não parar de escrever pra não fugir de mim mesma, pra me encontrar entre vírgulas, como aposto, ou entre linhas como segredo.
Mandaram eu não parar de escrever pra não deixarem de me ouvir, pra encobrirem meu sufoco e se deliciarem com ele.
Mandaram eu não parar de escrever, mas pra que mesmo?