domingo, 21 de fevereiro de 2010

Reflexão de Marina

Sempre me peguei pensando no porque, depois de tanto, você nunca me amou.
Talvez tenha sido esse meu jeito invasivo, essa minha vontade de te ter que me subia a cabeça, o jeito estranho que eu tinha no olhar.
Revivi as palavras trocadas, aquelas conversas que se perderam no tempo, tanto ou mais quanto nos perdemos nesse mundo. Não há mais você e eu, há você...e eu.
Senti novamente tudo que você me fez sentir naqueles dias que eu tanto precisava de alguém do meu lado: aquele calafrio que me petrificava toda vez que te via ou quando tocava teu nome falando, lendo ou pensando.
Existia sempre uma tensão, algo indefinido, ficava sempre entrelinhas o que tinhamos a dizer um para o outro mas, se era assim, se me parecia tão real, aonde sumimos?
Sempre me peguei pensando no porque, depois de tanto, você nunca me amou.
Talvez tenha sido essa minha alma tão sonhadora, que tivesse ido tão alto ao ponto de se iludir e não te deixar nem ao menos me alcançar.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Desabafo

"E eu descobri que meu castelo se sustentava em pilares de areia."
Bateu como um flecha o verso traduzido da música, uma perfeita trilha sonora do que revivia em sua mente.
Em um segundo voltou ao tempo e se viu no meio daquela multidão que cercava o que de santo só tinha o nome.
Sentiu novamente suas pernas tremerem como tremiam aquele dia, rosto escondendo-se, abaixado, virado para os pés: talvez se olhasse para o chão ninguém a veria, pensou.
Não sentou no mesmo banco, não conversou com as mesmas pessoas. Subiu as escadas pensando que aquilo tudo seria somente sua mente, já tão perturbada pelo passado, pregando uma peça, fazendo-a acreditar estar dentro de um pesadelo que, de fato, era real.
Não demorou até que a multidão dos coxixos a cercasse e a afogasse em perguntas daquilo que não queria nem ao menos pensar. Naquele momento viu a realidade que teria de enfrentar. Acabou a sua ilusão, olhar pro chão a esconderia, fingir que nada havia acontecido não faria com que as pessoas a esquecessem.
Levantou a cabeça por um segundo, mesmo que contra a sua vontade, para ver se algum amigo havia restado para socorrê-la mas, num suspiro, tudo tornou-se duna.
Ah, já faz tanto tempo!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Mais um dia

Dei meus passos vacilantes naquela rua cheia e deserta, de olhares perdidos, do tempo corrido.
Centenas de rostos, sem abraço, apressados. E sempre a impressão de estar sendo observada, e sempre a impressão de estar só.
Era um beco sem saída a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, espero o sinal abrir e corro junto à multidão.