segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Descrição

Sou céu, terra e mar.
Sou uma, sou mil também.
Sou silêncio, barulho, tempestade.
Sou música, poesia, palavras, poemas teus.
Sou pétalas, espinhos.
Sou paz, amor, mistério sou.
Sou o que sou.
E você, quem é?

domingo, 25 de outubro de 2009

A incrível arte de desistir me vem novamente.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Terça-feira

Dor. Dor de ver o tempo passar como um flash, e mesmo assim tão cruel, tão inglório. Não existem soluções, somente problemas, cumulativos e crescentes.
Vida, quero vivê-la! Mas, talvez, não mais a minha.
Meus amigos se preocupam, só digo que evitem esse tipo de sentimento. Eu sei o que acontece comigo, o que estou fazendo e como a vida acaba sem morte física.
Morri, queridos. Morri do pior jeito possível, morri de desgosto pela vida, morri aos poucos, agonizei.
Culpa da justiça que não se faz, culpa do deus que não acredito mais. Culpa. Culpa é o melhor remédio quando posta nos outros.
Me prendi, me acusei, me dei ao sacrifício da suícida que não sou, estou na minha própria prisão e não existem mais saídas ou últimas chances. Estou condenada a pena perpétua ou talvez de morte.
E vivo só.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O Despertar da Primavera (inspirado na peça (também))


"Só me abraça agora, esquece tudo."
"Está bem."
Ela olhou fixa nos olhos dele num momento de ternura, simplicidade, de realização. As respirações se encaixavam e tudo se resolvia como um quebra-cabeças.
Ele segurou delicadamente o rosto dela, sorriu.
"Posso te dar um beijo, linda?"
Ela respondeu fechando os olhos e aproximando lentamente o rosto.
Os lábios se tocaram em um beijo quente. Era o ponto final do medo e desejo unidos para iniciar uma bela história. Seria agora a hora.
Os pingos de chuva pareciam complementar o violão baixo e lento que tocava nas mentes dos dois, agora, amantes.
"Eu sempre gostei muito de você."
"Por que você nunca falou, então?"
"Como eu podia imaginar que você era tão louca quanto eu?"
Ela sorriu.
O quarto escuro só deixava um filete de luz evidente, aquele que vinha dos postes da rua, o que criava o cenário perfeito, pois é na ausência da luz, da sanidade, que se deixa o que se sente fluir.
Deixavam somente o tato guiar e mal poderiam crer no que estava acontecendo.
As roupas e os limites sumiam. Nada mais importava além da concretização dessa paixão que, de tão recíproca, era quase inacreditável para os dois.
Era uma noite de vento quente, de chuva fria, de silêncio absoluto no meio do caos. Era a noite de talvez Romeo e Julieta mas era, com certeza, a noite que o universo parou para assistir o que as estrelas já tinham escrito há muito tempo.

Lógico só para mim

Desejo deu frutos
Em cada letra
Do segundo verso
De cada estrofe

Desejo deu frutos
Seis histórias
Vinte poemas
Milhares de pensamentos

Desejo deu frutos
Que somente eu entenderei
A mensagem escondida
Que no mistério se fechará

domingo, 18 de outubro de 2009

O Homem

Ele sentou no bar, tomou mais três copos e caiu em um olhar indefinido, petrificado.
Nada daquilo o fazia feliz, nem a cidade, nem o trabalho e muito menos a chuva que parecia cair só para castigar mais a sua alma. Todo blues do mundo tocava naquele momento. Ele pediu a conta e foi para casa.
No caminho, olhou para as luzes refletidas no mar quase que parado, pensou no que mais o compensaria além dos copos quase que diários.
Cambaleando, pensava voltar para o seu lar, mas a verdade é que do seu lar ele estava longe, e aquilo era só passagem, passagem que mais parecia ponto final.
Do que era um homem de paz, de paciência e bom humor, tornou-se amargo, impaciente, incapaz de se ver completamente satisfeito. Do que era um homem da arte, tornou-se um homem da cidade, do frio asfalto, do caos.
Nada mais triste, nada mais desolador.
Por que, então? Nunca fez sentido, nem faria, mas parecia mais preso a tudo aquilo que uma mosca em teia. Era sufocante.
De amores não tinha mais, dos amigos sentia falta, mesmo que alguns pudessem estar, literalmente, ao seu lado, pareciam tão distantes.
Chegou em casa mau encontrando as chaves. Deitou-se e ficou contemplando a vista na janela antes que caísse no sono da ressaca dos seus desejos deixados, perdidos.
O céu nublado não permitia a visão de nenhuma estrela. Tão cruel negar até o brilho das estrelas.
Abriu o computador para procurar aquilo que não sabia mais o que era e, não encontrou.
Deitou-se. Amanha seria mais um dia, mais uma última esperança para o destino que já parecia definido e não respeitava vontades ou sonhos.
Ah, acordar para que?

sábado, 17 de outubro de 2009

Conto de Julieta (PARTE 3) - FINAL

Desci do apartamento com o sol já se pondo. Andei quilômetros, rodei a cidade. Cada passo um pensamento, cada quilômetro, uma conclusão.
Sentei, então, na mesma areia e na mesma praia que repeti o nome de todos eles três vezes cada. O céu já não era tão estrelado, a brisa do mar já não me trazia segurança. Dessa vez era só eu tentando me descobrir, sem suspiros, sem calafrios, sem paixões, falsas paixões.
Enquanto olhava aquele mar que, de tão escuro, ficava tão junto ao céu, percebi que aqueles últimos três anos da minha vida poderiam ser apagados facilmente. Nenhuma das paixões me fez realmente feliz por mais que momentos apenas, tudo era passageiro. Por isso a troca, as traíções, os abandonos. Era somente uma máscara que eu vestia para me proteger do mundo real.
Tentei por alguns minutos pensar em algum DELES que realmente fizesse diferença, não cheguei a nome algum. Todos foram ótimas pessoas, mas nenhum deles nunca preencheu nem poderia preencher o vazio que eu sentia.
Talvez fizesse isso por imaturidade, pela falta que eu sentia dos meus pais depois que eles se foram, pelo fato de eu nunca ter conseguido encarar um amor, pela vida solitária que levava... Realmente não sei.
Só senti que era hora de ficar só por um tempo, me distanciar do vício.
Voltei para casa com os sapatos na mão e andei todo o meu caminho de volta.
Passaram-se cinco anos desse episódio. Nesse tempo me formei, arrumei um emprego estável, fiz novos amigos e, o mais importante, aprendi a conviver comigo mesma. Se eu me visse sozinha antes, por tanto tempo, talvez tivesse pintado e mudado o cabelo umas 700 vezes mas, de lá pra cá, acho que só mudei duas.
Tudo estava calmo, sem ansiedade, sem confusõs, sem amores ou problemas. Era só eu embarcando num avião para o nordeste, tirando minhas merecidas férias com mais 4 colegas de trabalho.Um belo dia de verão, uma brisa me tocava. A mudança se concluira e o vício nunca mais voltará.

Três anos depois, Julieta casou-se com Thiago, um cozinheiro que conheceu nessa viagem. Dessa vez não era paixão, ela amava pela primeira vez.
 Julieta nunca mais se apaixonou por ninguém,até agora.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Conto de Julieta (PARTE 2)


Naquele momento senti uma naúsea, uma tontera. Era como se a culpa batesse em mim como um tiro quente, e me abateu, me derrubou.
Enquanto o Luíz se ajeitava para tentar dar uma explicação para o amigo, eu fiquei estática.
 Os olhos do Tatu se encheiam de raiva e lágrimas. Foi a última vez que eu o vi.
No dia seguinte ele tinha deixado um bilhete dizendo que eu poderia ficar, que ele daria um jeito de ir para outro lugar e respeitar a minha escolha.
Aquilo acabou comigo, ainda mais. Cada palavra mostrava o quanto ele gostava de mim, o quanto eu fui injusta, mais do que eu pensava e o quanto eu não poderia mais ficar ali.
Arrumei minhas coisas e fui embora.
Enquanto ao Luíz? Eu sumi e nunca mais soube dele.
Fiquei na casa de uma amiga por um tempo até que o apartamento que eu morava, herdado do meu avô, tivesse vazio, sem os inquilinos.
Voltei para o apartamento e parecia que tudo tinha voltado ao marco zero. As paredes vazias, somente o sofá, a cama, os eletrodomésticos. Tudo exatamente como eu tinha entrado há 3 anos atrás. Calmo e, o pior, sem ninguém.
Sentei no chão, bem embaixo da janela, coloquei a cabeça entre as pernas e comecei a pensar o porque parecia tudo estar errado. Devo ter ficado ali por algumas horas até olhar o embrulho deixado pela antiga inquilina com as correspondencias que chegavam e eu não ia buscar.
Abri e, entre os anúncios e catálogos, estava a carta do Yan, meu ex-noivo. Ele falava que não conseguia falar comigo pelo telefone, que estava fazendo um curso na Alemanha, que gostaria de saber como eu estava. Ele deixava no fim da carta o novo telefone dele e um "sinto sua falta.".
Pensei em ligar para ele mas, pela primeira vez na minha vida, tomei uma decisão madura. Não ligaria. Se eu ligasse eu acabaria dando o um jeito de despertar de novo o que eu senti por ele só para me destrair, só apra fugir de mim mesma.
Guardei a carta numa gaveta junto com as outras. Aquilo tinha que parar, não poderia mais associar as minhas paixões loucas à única forma de ser feliz. Era hora de mudança!

CONTINUA...

Quinto Mês

Esse eu achei entre as folhas do meu caderno de física hoje.

Não descansarei em seus braços
As súplicas do meu passado
E as almas penadas do meu presente
Guardarei-te como um diamante

Pois do que ainda não é amor
Não hei de começar além do desejo
Do que te trás aos olhos mel
O reflexo do meu futuro

Hei de admirar cada verso
Dito de suas palavras e respiração
Até que o tempo passe
E faça de ti tão meu
Quanto eu sou sua

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Conto de Julieta (PARTE 1)


Eu tinha 22 anos quando eu percebi que era viciada em paixões.
Estava na praia ao anoitecer, sentei na areia fria, olhei para as estrelas, repeti o nome dele três vezes. Meu coração batia forte e se embrulhava junto com o calafrio que eu sentia dos pés à cabeça. Não era a primeira vez que fazia aquilo, muito menos seria a última e, no fundo, eu sabia. Não gostava dele ou deles, gostava mesmo é do calor da paixão.
Tudo ficou mais claro quando, no ápice do meu noivado, me apaixonei pelo Pedro. Ele nunca teve nada haver comigo, mas eu gostava e me forçava a pensar nele só pra ter aquela sensação de explosão de todos os meus sentimentos juntos. Não importava o quanto o meu relacionamento com o meu noivo estivesse bem, à medida que a rotina foi se juntando ao romance, eu joguei tudo pro alto, olhei para o Pedro só para não cair na mesmisse.
E se você pensa que eu tentei esquecê-lo para salvar meu noivado, está enganado. Esquecê-lo seria terrível. Por isso, enquanto não arranjasse outro ELE pra pensar, me esforçava pra continuar me sentindo como uma boba.
Fiquei tão fora de mim que o meu noivado acabou (e não fui nem eu quem terminou) e, quando olhei em volta, não tinha mais ninguém. O Pedro? Talvez nunca tivesse próximo. Chorei por alguns dias, fazia parte do plano, fazia parte da minha paixão fulminante que nem mais existia.
Passei um tempo me embebedando por aí e tentando mudar de personalidade, assim como mudei cinco vezes a cor do meu cabelo.
Dois meses se passaram, conheci o Tatu. Não precisei nem de uma noite com ele para me declarar oficialmente apaixonada. O Tatu também não era nada parecido comigo. Enquanto eu ouvia HardRock e usava camisetas estampadas, ele ouvia MPB e se vestia com um tecido bem parecido com o pano de prato aqui de casa. Conclusão: em menos de uma semana eu me tornei a maior hippie ouvinte de MPB que eu conhecia.
Minha história com o Tatu até que deu certo, exceto pelas rodas de samba que eu não suportava. Mas estava tudo bem desde que eu continuasse alucinada por ele.
Foi quando, no quinto mês de namoro, eu fui morar com ele. A casa dele nem era tão ruim, o problema era que nós dividiamos com mais dois amigos dele, também vindos do Espírito Santo para estudar aqui. O primeiro mês foi tranquilo, todos nós nos dávamos bem, a casa era uma bagunça, mas nada era desconfortável.
Até o dia que o Tatu foi viajar para ver a família e só ficaram eu e um dos amigos dele no apartamento. Na primeira noite, bebemos algumas latas de cerveja, jogamos cartas e, para o meu eterno azar, o papo estava ótimo.
Não deu em outra. Passei o resto da noite olhando para a janela, sentido aquele vento de verão me tocar e, lá estava eu pensando no Luíz, meu colega de apartamento, o único ali.
O dia seguinte não foi nada menos do que o esperado (pra mim). Depois de mais cervejas, mais cartas e mais conversas, dormi com ele. Estava tudo perfeito, o clima, a noite, nós dois.
Tatu chegou logo pela manhã, me trouxe milhares de presentes. Mas, nada daquilo me impressionava mais, tudo o que vinha na minha cabeça me falava "Luíz, Luíz, Luíz".
Umas semanas depois, em uma das vezes em que me via sozinha com meu mais novo brinquedo, me deitei novamente com ele. O Tatu chegou minutos depois do ato ser concretizado e se deparou com aquela cena na sua frente: o melhor amigo e sua namorada juntos. Ele não merecia isso.

CONTINUA........

domingo, 11 de outubro de 2009

Aprendendo a ouvir, sentir, e depois escrever.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Mais cinco letras


Lembro-me ainda daquelas noites de inverno. Eis que entra aquela saudade em cena.
Queria tanto voltar no tempo, vivê-lo por cada mísero segundo, prestar atenção em cada letra das suas palavras. Acho que foi a época mais feliz da minha vida, aquilo que poderia ser a compensação de todos os tombos e tropeços da minha história indigna. Não sorria por algo extrordinário, sorria simplesmente porque ali existia um sentimento verdadeiro em mim, latente nele. Mesmo que nada daquilo me fosse permitido.Eu era comprometida, ouro no dedo direito e ele, bem, estava lá e parecia não enxergar nada do que estava acontecendo, éramos sós num mundo cheio de complicações ao nosso redor.
Lembro-me das conversas, dos gestos que nos aproximavam, daquele grito de extrema felicidade contido com um frio na barriga (acho que chamam isso de paixão). Não sei nem como essa tal senhorita, tão sorridente, tão intrigante, tão dominadora, entrou na minha mente e te fez fixo em meus olhos. Foi curioso até, surgiu das cinzas, sem justificar-se.
Queria poder olhar nos olhos dele, aqueles que me mergulhavam, que me encaravam em brilho, olhar mais uma vez e o flagar me notando, me desfazendo,me despindo. Era tão doce e eu amava.
A vida real voltou, o inverno passou. Me desfiz da aliança que me trazia a solidez mas, que nada perto do que sentia por ele, me trazia, e o esperei, esperei, esperei.
Ando vacilante enfim, talvez com um, dois ou três, todos tentando buscar o que encontrei em ti, todos pra me convencer que é melhor te deixar pra trás, foi só um inverno e eu, eu só te fui passagem.